A
GRANDE LUZ
“Esse tempo de escuridão e desespero, no entanto, não durará para sempre. A
terra de Zebulom e de Naftali será humilhada, mas no futuro a Galileia dos
gentios, localizada junto à estrada entre o Jordão e o mar, se encherá de
glória. O povo que anda na escuridão verá grande luz. Para os que vivem na
terra de trevas profundas, uma luz brilhará.
Tu multiplicarás
a nação de Israel, e seu povo se alegrará. Eles se alegrarão diante de ti como
os camponeses se alegram na colheita, como os guerreiros ao repartir os
despojos. Pois tu quebrarás o jugo de escravidão que os oprimia e levantarás o
fardo que lhes pesava sobre os ombros. Quebrarás a vara do opressor, como
fizeste ao destruir o exército de Midiã. As botas dos guerreiros e os uniformes
manchados de sangue das batalhas serão queimados; servirão de lenha para o
fogo.
Pois um menino
nos nasceu, um filho nos foi dado. O governo estará sobre seus ombros, e ele
será chamado de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno e Príncipe
da Paz. Seu governo e sua paz jamais terão fim. Reinará com imparcialidade e
justiça no trono de Davi, para todo o sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos
fará que isso aconteça!”
—
Isaías 9.1-7
INTRODUÇÃO:
Sem dúvidas, o Natal é a festa da luz. Não é à toa que há luzes por todos
os lados. Essa simbologia é precisa, pois a luz faz sempre oposição às trevas.
Na Bíblia, trevas fazem referência, pelo menos, a três coisas: ao mal, à
ignorância e ao vazio. Onde há essas coisas, há trevas. O mundo ao nosso redor
é assim. A escalada da maldade no mundo é a maior prova do fracasso da
humanidade. Há maldade por todos os lados: violência, corrupção, guerra,
mazelas sociais. Poderíamos passar horas listando o mal que existe. É triste
como nos acostumamos a conviver com isso.
Além disso, a sociedade vive um enorme paradoxo: ao mesmo tempo em que
convive com a quantidade de informações e conhecimentos jamais vista, vivemos
com mazelas que confrontam todo esse conhecimento. Temos visto que o acúmulo de
conhecimento e informações não é sinônimo de sabedoria e inteligência. Nos
deparamos constantemente com comportamentos rudimentares dos seres humanos,
próprios de bestas feras e, como nunca, as pessoas têm vivido com dramas agudos
em suas almas. Como dizem, vivemos uma epidemia de doenças emocionais e vícios,
que especialistas identificam como consequências de almas vazias e vidas sem
propósito.
As ideologias políticas, os modelos econômicos, os extraordinários feitos
das tecnologias e até as mais sofisticadas elaborações filosóficas, nada disso
tem se mostrado capaz de dissipar as densas trevas que estão sobre o mundo. A
pretensão humana de auto-salvação é um fiasco, o mundo jaz em trevas.
A PROMESSA DA
LUZ:
O relato que antecede esse capítulo 9 de Isaías retrata um drama da
sociedade da época, que não difere muito da sociedade contemporânea: “Andam
sem rumo, cansados e famintos. E, por causa da fome, amaldiçoam seu rei e seu
Deus. Olharão para o céu, depois olharão para a terra, mas para onde voltarem
os olhos só haverá problemas, angústia e sombrio desespero. Serão lançados nas
trevas.” (8.21).
Contudo, há uma promessa de esperança: “Esse tempo de escuridão e
desespero, no entanto, não durará para sempre... O povo que anda na escuridão
verá grande luz. Para os que vivem na terra de trevas profundas, uma luz
brilhará.” (9.1-2)
A promessa de
Isaías é como uma estrela que surge no céu mais escuro. Essa luz não é uma
ideia abstrata; é uma pessoa, o próprio Cristo, que vem para dissipar as trevas
e trazer um novo começo.
A pretensão humana de auto-salvação, por mais bem-intencionada que seja,
é como tentar consertar uma lâmpada quebrada sem eletricidade: por mais bela
que seja a lâmpada, ela não iluminará sem uma fonte de energia externa. O mesmo
acontece conosco: sem a luz de Cristo, nossos esforços são insuficientes. Entendemos
que ideologias políticas que prezam pelos menos favorecidos fazem contribuições
importantes; assim como modelos econômicos mais justos, que não exploram nem
usurpam os direitos dos trabalhadores, tudo isso é muito importante e não
podemos abrir mão. Porém, nada disso, por si só, é suficiente.
O que Isaías diz
é que o povo viu uma grande luz porque: “Tu multiplicarás a nação de
Israel, e seu povo se alegrará. Eles se alegrarão diante de ti como os
camponeses se alegram na colheita, como os guerreiros ao repartir os despojos.
Pois tu quebrarás o jugo de escravidão que os oprimia e levantarás o fardo que
lhes pesava sobre os ombros. Quebrarás a vara do opressor, como fizeste ao
destruir o exército de Midiã. As botas dos guerreiros e os uniformes manchados
de sangue das batalhas serão queimados; servirão de lenha para o fogo.”
(9.3-5)
E como essa maravilhosa luz brilhará em e entre nós? Isaías explica: “Pois
um menino nos nasceu, um filho nos foi dado.” É justamente por causa do
nascimento do “menino Deus” que será possível. A luz que ilumina a todos os
homens nasceu do ventre de uma mulher, numa simples manjedoura, na humilde
Belém da Judeia. E Ele brilhará porque Ele é Maravilhoso Conselheiro, Deus
Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz.
Maravilhoso
Conselheiro - Ele é a grande referência que nos ajudará a discernir o certo
do errado, o bem do mal. Vivemos uma crise de referências no mundo, nos faltam
modelos inspiradores de ética. Jesus de Nazaré foi o modelo de ser humano que
Deus deseja que todos nós sejamos. Muito mais do que um chamado religioso, o
Cristo nos convida à humanização. Sobre o Cristo, o papa São Leão Magno
afirmou: “Um Jesus tão humano assim, só podia ser Deus”. O Cristo
encarnado é o nosso Maravilhoso Conselheiro.
Deus Poderoso
– Tim Keller diz que, diante do Deus poderoso, não temos a opção de gostar
dele. Não temos como ficar indiferentes diante de Jesus. Ou rejeitamos, ou
ficamos com raiva, ou nos prostramos em adoração. Quem realmente compreende
quem é Jesus se enche de espanto, como os discípulos no barco: “...quem é
este, que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4.41). Quando fazemos
isso, nos colocamos submissos à sua soberania, vontade e direção. Abrimos mão
dos nossos “quereres” para dizer: “Seja feita a sua vontade”.
Pai Eterno
– Contudo, mesmo sendo o grandioso Deus, Ele é também o Pai Eterno. Em Jesus,
encontramos o colo amoroso, restaurador e cuidadoso de Deus. A graça do amor do
Deus Poderoso se dá acessível, disponível e gratuita em Cristo. Essa é a
mensagem do Evangelho: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da
reconciliação.” (2 Co. 5.19).
Príncipe da
Paz – E, por fim, Jesus de Nazaré é o Príncipe da Paz. A paz aqui ocupa,
pelo menos, três sentidos. Primeiro, Ele pacifica os nossos corações aflitos,
ansiosos e angustiados. A todos nós Ele diz: “Vinde a mim e encontrarão
descanso para as suas almas.” Além disso, Ele estabelece a paz entre
nós e o nosso próximo. O Cristo nos ensina o caminho do amor, da generosidade e
do perdão. Ele cura o nosso coração da vingança, do rancor e da bestialidade.
Ele nos ensina a pagar o mal com o bem. Mas Ele também nos faz estar em paz com
Deus. O apóstolo Paulo diz: “Sendo justificados, pois, pela fé, temos paz
com Deus.” (Romanos 5:1)
A luz profetizada por Isaías brilhou em Belém e continua a brilhar hoje,
transformando vidas. Cristo não é apenas uma lembrança histórica; Ele deseja
iluminar nosso coração neste Natal. Que possamos, ao celebrarmos o nascimento
de Jesus, permitir que Ele seja nossa luz em um mundo em trevas. Como Ele
disse: "Eu sou a luz do mundo." (João 8:12)
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