HISTÓRIAS
DO NATAL: ENQUANTO ESPERAMOS NO SENHOR
"Havia
em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a
Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E
fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto
o Cristo do Senhor. E pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o
menino Jesus, para com ele procederem segundo o uso da lei, ele, então, o tomou
em seus braços, louvou a Deus, e disse:
Agora,
Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; Pois já os meus
olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os
povos; Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel. E José, e
sua mãe, se maravilharam das coisas que dele se diziam.
E Simeão os
abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e elevação
de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará
também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos
corações."
– Lucas 2:25-35
É bastante comum, para nós, cristãos contemporâneos, ficarmos
sensibilizados com histórias de testemunhos dramáticos que ouvimos. Eu, como
cristão batista, sempre ouvi com muita atenção e admiração as histórias dos
missionários da Junta de Missões Mundiais (JMM), quando falam dos trabalhos em
países mais empobrecidos e de como Deus curou, enviou provisões e realizou
conversões fantásticas. Isso, além de mobilizar de alguma forma a minha fé,
sempre despertava em mim um desejo profundo de viver experiências como essas.
Era como se eu ouvisse sobre "viver o extraordinário de Deus", e eu
creio, sempre acreditei e desejei viver isso.
Porém, como pastor, de certa forma acostumado a conversar com irmãs e
irmãos de fé, falo com alguma segurança que a maior parte das nossas vidas com
Deus não gira em torno de profundas experiências do extraordinário. A realidade
da vida cristã, em sua maior parte, acontece no ordinário da vida mesmo. Veja,
não que eu não creia ou não deseje ver e experimentar essas coisas. Há em mim
sempre uma enorme expectativa de viver e depois contar, com muita alegria, algo
semelhante. Mas tenho aprendido que a caminhada de fé acontece no chão da
realidade.
Gosto de lembrar do capítulo 11 do livro de Hebreus, que tradicionalmente
é conhecido como "A galeria dos heróis da fé". Ali há o equilíbrio
perfeito do que acontece em nossas vidas. Existem testemunhos de coisas
grandiosas que homens e mulheres de Deus viveram, mas há também histórias de
derrotas, perdas e dor. Contudo, até mesmo essas histórias são histórias de fé,
de heróis da fé, histórias de pessoas que viviam pela fé.
TER FÉ É TER
PACIÊNCIA E ESPERANÇA
Um dos salmos mais conhecidos da tradição cristã é o Salmo 40, que começa
dizendo: "Esperei com paciência no Senhor e Ele se inclinou para mim e
ouviu o meu clamor" (v.1). Aliás, daqui tiramos uma definição sobre a
esperança do Evangelho: esperança é aguardar com confiança sob a promessa de
Deus.
A história de Simeão é uma história de paciência e esperança. Não temos
muitas informações sobre ele. Ele não aparece em nenhum outro momento nas
narrativas bíblicas, apenas aqui. Mas o que se fala sobre ele é bastante
inspirador: era um homem justo, temente a Deus e que esperava no Senhor (v.
25).
Como todo judeu, Simeão vivia a expectativa messiânica. Ele aguardava o
"consolador de Israel". Mas, enquanto esperava, Simeão vivia pela fé.
O verso 1 do capítulo 11 de Hebreus diz (cito aqui a versão NVT): "A fé
mostra a realidade daquilo que esperamos; ela nos dá convicção de coisas que
não vemos..." Ou seja, experimentamos em nossa realidade as coisas que
esperamos, que ainda não vieram, e temos convicção de coisas que não estamos
vendo. É exatamente isso que Simeão faz. Por ter convicção, ele vivia a
realidade do Reino de Deus. Enquanto esperava a intervenção de Deus, ele vivia
a justiça do Reino e em temor ao Senhor.
Mas, para muitos, a vida de Simeão pode parecer sem graça. Sem grandes
testemunhos a contar, sem experiências extraordinárias acumuladas, somente uma
vida comum. A questão é que somos viciados em drama. Quanto mais dramática a
história, mais surpreendente nos parece. Por conta disso, pensamos que, quanto
mais dramática a história e a vida são, mais fé a pessoa precisa ter. No
entanto, Jesus nos disse que são bem-aventurados os que não viram, mas, mesmo
assim, creram. Creram nas coisas que não se viam e em coisas que esperavam.
Não precisamos de uma história dramática para viver o cuidado, a provisão
e os milagres de Deus. Existem milagres maravilhosos que vamos viver, que
ninguém vai saber, que não haverá uma narrativa surpreendente, que acontecerão
nos bastidores. Às vezes, só você e Deus vão saber. Às vezes, será algo visto
apenas por você e seu cônjuge. Sem tocar trombeta, sem que a mão esquerda saiba
o que fez a direita. Mas, mesmo assim, será um milagre maravilhoso de Deus.
Quando Simeão tomou Jesus no colo, muitos dos que estavam ali não sabiam
o que estava acontecendo, mas Simeão sabia. Naquele momento, aquele menino era
um milagre que Simeão estava testemunhando. Algo entre ele e Deus. Uma promessa
se cumprindo. Algo extraordinário acontecendo, mas ninguém além de Maria, José
e a profetisa Ana estava vendo.
Deus fez Simeão experimentar algo profundo, grandioso e eterno. E o que
ele diz atesta isso: "Os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu
preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, e
para glória de teu povo Israel" (v. 30). A salvação do Senhor vem para
todos os que pacientemente guardam a esperança. Continue firme, fiel ao Senhor,
porque certamente seus olhos também verão a grande provisão do Senhor.
Pr. Lázaro Sodré
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