sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

HISTÓRIAS DO NATAL: ENQUANTO ESPERAMOS NO SENHOR

HISTÓRIAS DO NATAL: ENQUANTO ESPERAMOS NO SENHOR

"Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor. E pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele procederem segundo o uso da lei, ele, então, o tomou em seus braços, louvou a Deus, e disse:

Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; Pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel. E José, e sua mãe, se maravilharam das coisas que dele se diziam.

E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações."

– Lucas 2:25-35

É bastante comum, para nós, cristãos contemporâneos, ficarmos sensibilizados com histórias de testemunhos dramáticos que ouvimos. Eu, como cristão batista, sempre ouvi com muita atenção e admiração as histórias dos missionários da Junta de Missões Mundiais (JMM), quando falam dos trabalhos em países mais empobrecidos e de como Deus curou, enviou provisões e realizou conversões fantásticas. Isso, além de mobilizar de alguma forma a minha fé, sempre despertava em mim um desejo profundo de viver experiências como essas. Era como se eu ouvisse sobre "viver o extraordinário de Deus", e eu creio, sempre acreditei e desejei viver isso.

Porém, como pastor, de certa forma acostumado a conversar com irmãs e irmãos de fé, falo com alguma segurança que a maior parte das nossas vidas com Deus não gira em torno de profundas experiências do extraordinário. A realidade da vida cristã, em sua maior parte, acontece no ordinário da vida mesmo. Veja, não que eu não creia ou não deseje ver e experimentar essas coisas. Há em mim sempre uma enorme expectativa de viver e depois contar, com muita alegria, algo semelhante. Mas tenho aprendido que a caminhada de fé acontece no chão da realidade.

Gosto de lembrar do capítulo 11 do livro de Hebreus, que tradicionalmente é conhecido como "A galeria dos heróis da fé". Ali há o equilíbrio perfeito do que acontece em nossas vidas. Existem testemunhos de coisas grandiosas que homens e mulheres de Deus viveram, mas há também histórias de derrotas, perdas e dor. Contudo, até mesmo essas histórias são histórias de fé, de heróis da fé, histórias de pessoas que viviam pela fé.

TER FÉ É TER PACIÊNCIA E ESPERANÇA

Um dos salmos mais conhecidos da tradição cristã é o Salmo 40, que começa dizendo: "Esperei com paciência no Senhor e Ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor" (v.1). Aliás, daqui tiramos uma definição sobre a esperança do Evangelho: esperança é aguardar com confiança sob a promessa de Deus.

A história de Simeão é uma história de paciência e esperança. Não temos muitas informações sobre ele. Ele não aparece em nenhum outro momento nas narrativas bíblicas, apenas aqui. Mas o que se fala sobre ele é bastante inspirador: era um homem justo, temente a Deus e que esperava no Senhor (v. 25).

Como todo judeu, Simeão vivia a expectativa messiânica. Ele aguardava o "consolador de Israel". Mas, enquanto esperava, Simeão vivia pela fé. O verso 1 do capítulo 11 de Hebreus diz (cito aqui a versão NVT): "A fé mostra a realidade daquilo que esperamos; ela nos dá convicção de coisas que não vemos..." Ou seja, experimentamos em nossa realidade as coisas que esperamos, que ainda não vieram, e temos convicção de coisas que não estamos vendo. É exatamente isso que Simeão faz. Por ter convicção, ele vivia a realidade do Reino de Deus. Enquanto esperava a intervenção de Deus, ele vivia a justiça do Reino e em temor ao Senhor.

Mas, para muitos, a vida de Simeão pode parecer sem graça. Sem grandes testemunhos a contar, sem experiências extraordinárias acumuladas, somente uma vida comum. A questão é que somos viciados em drama. Quanto mais dramática a história, mais surpreendente nos parece. Por conta disso, pensamos que, quanto mais dramática a história e a vida são, mais fé a pessoa precisa ter. No entanto, Jesus nos disse que são bem-aventurados os que não viram, mas, mesmo assim, creram. Creram nas coisas que não se viam e em coisas que esperavam.

Não precisamos de uma história dramática para viver o cuidado, a provisão e os milagres de Deus. Existem milagres maravilhosos que vamos viver, que ninguém vai saber, que não haverá uma narrativa surpreendente, que acontecerão nos bastidores. Às vezes, só você e Deus vão saber. Às vezes, será algo visto apenas por você e seu cônjuge. Sem tocar trombeta, sem que a mão esquerda saiba o que fez a direita. Mas, mesmo assim, será um milagre maravilhoso de Deus.

Quando Simeão tomou Jesus no colo, muitos dos que estavam ali não sabiam o que estava acontecendo, mas Simeão sabia. Naquele momento, aquele menino era um milagre que Simeão estava testemunhando. Algo entre ele e Deus. Uma promessa se cumprindo. Algo extraordinário acontecendo, mas ninguém além de Maria, José e a profetisa Ana estava vendo.

Deus fez Simeão experimentar algo profundo, grandioso e eterno. E o que ele diz atesta isso: "Os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, e para glória de teu povo Israel" (v. 30). A salvação do Senhor vem para todos os que pacientemente guardam a esperança. Continue firme, fiel ao Senhor, porque certamente seus olhos também verão a grande provisão do Senhor.

Pr. Lázaro Sodré

 


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