quarta-feira, 23 de outubro de 2019

TODOS NÓS PRECISAMOS DE ENCORAJADORES

“José, um levita de Chipre a quem os apóstolos deram o nome de Barnabé, que significa encorajador...”
(Atos 4:36)

As vezes viver cansa. Existem inúmeros momentos em que a vida nos vence pelo cansaço. Perdemos a alegria, a espontaneidade, a vontade de viver.

Deixamos de ver caminhos possíveis e não conseguimos reagir aos reveses da vida. É aí que o desânimo nos alcança. Isso acontece com todo mundo em algum momento da nossa peregrinação por aqui. São problemas familiares, desajustes financeiros, decepções com as pessoas, frustrações acadêmicas ou profissionais, planos e projetos que não deram certos. A lista é infindável de coisas que trabalham para nos jogar no chão. E, não poucas vezes, todas essas situações afetam a nossa fé. Não é que deixamos de acreditar em Deus como criador e mantenedor de todas as coisas, ou em Jesus como único e suficiente salvador.

Não estou falando de ateísmo ou de apostasia, mas daquilo que Davi chamou de “alegria da salvação” (Sl. 51.12) e o São João da Cruz de “A Noite Escura da Alma”.

Nesses momentos Deus parece estar longe e alheio às nossas lutas. Uma sensação de solidão invade a alma e, mesmo cercado de pessoas, nos sentimos sós. São nessas horas que precisamos dos “Barnabés”.

Barnabé era como os apóstolos chamavam a José, um levita, nascido numa ilha do mar Mediterrâneo chamada Chipre, que era discípulo der Jesus de Nazaré. A palavra grega usada pelos Apóstolos para se referirem a ele foi paráklesis, ou paráclito, a mesma palavra usada em Jo. 14.26, falando sobre o Espírito Santo.

José tinha a capacidade de consolar, exortar e encorajar as pessoas. Uma das cenas narradas nas Escrituras onde José agiu dessa forma foi em Atos 11, quando o Evangelho chegou em Antioquia. Lá, numa Igreja nascente, constituída em sua maioria por gentios, Barnabé foi enviado pelos Apostolo para dar apoio e o texto Bíblico traz o seguinte relato: “Este (barnabé), ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração. Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé; e muitas pessoas foram acrescentadas ao Senhor.” (At 11:23,24).

Possivelmente essa nova Igreja tinha muitas coisas que não estavam como deveriam estar. Talvez o ambiente em que esses irmãos estavam iniciando a sua fé era hostil e difícil para a caminhada, provavelmente a doutrina que era ensinada nessa Comunidade tinha muitas falhas, mas José preferiu ver as coisas positivas. Um encorajador tem essa característica: Ao invés de destacar as falhas, os pontos negativos, os erros, ele prefere valorizar as coisas positivas.

As palavras de um encorajador geram vida, aponta caminhos, conforta, aconselha. Exortar é ser um instrumento para que o outro permaneça de pé. A vida para muitos de nós é uma dura batalha diária, e, por isso, precisamos fortalecer e acolher uns aos outros. O que menos precisamos é de julgamentos e comentários que geram morte. É importante saber policiar a nossa língua, se não podemos abençoar, que não amaldiçoemos, é o conselho que Tiago nos dá (Tg.3). Um encorajador é empático e solidário. São pessoas que conseguem perceber a angustia do outro pelo olhar, pelo tom da voz, pelo cansaço do corpo.

Um dos sinais de que temos comunhão com Deus é quando somos sensíveis às pessoas ao nosso redor e nos dedicamos a fortalece-los. Na comunidade de Jesus os irmãos levam os fardos pesados uns dos outros (Gl 6.2), ninguém fica pelo caminho, se não for para chegarmos lá juntos, também não queremos chegar sozinhos. Como discípulos de Jesus sabemos que vamos enfrentar as batalhas da vida, mas também com a certeza de que não as enfrentaremos sozinhos. Temos ao Senhor, e temos uns aos outros.

Caminhando lado a lado, ora sendo os necessitados do cuidado, ora cuidando. E nesse caminhar de constante aprendizado, em duras lidas, que desejemos aprender, sobretudo, a sermos BARNABÉS, que consolam, que iluminam os caminhos, que ajudam a ter nova esperança, que levam a Paz.


Lázaro Sodré
(Pastor da Igreja Batista Alvorada, Aju - SE) 
Esse texto faz parte das pastorais dominicais.


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