segunda-feira, 14 de outubro de 2019

JESUS, O CRISTO QUE SUPRE AS NOSSAS NECESSIDADES
(Série: Eu Sou Jesus, o Cristo)

“Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna".

 (João 4.13-14)

              Foi Jacques Lacan, um psicanalista francês, quem disse que somos seres desejantes destinados a incompletude e é isso que nos faz caminhar”. Caminhamos porque sentimos necessidades, temos faltas, somos incompletos. Mas não somente isso, caminhamos porque somos seres de desejos. Por desejar, nos movimentamos. Nos movemos na direção do que precisamos, daquilo que nos desperta desejos. Para explicar isso melhor, o psicólogo americano Abraham Maslow desenvolveu a “pirâmide das necessidades”, ou, como ficou mais conhecida, “pirâmide de Maslow”.

            Ali as necessidades humanas foram organizadas em 5 níveis, de acordo com as suas prioridades. Maslow dizia que no primeiro estágio, na base da pirâmide, estão as necessidades fisiológicas, como comer, beber, dormir. Já no segundo estão as necessidades de segurança, que são: segurança da violência, liberdade, ausência de ambientes poluídos e de conflitos. Depois, no terceiro estágio, estão as necessidades sociais: Nossos relacionamentos com família, amigos, com a nossa comunidade. Em seguida, agora no quarto estágio são as necessidades de estima: Aprovação das pessoas que gostamos, reconhecimento da comunidade que frequentamos, senso de pertencimento. E por fim, no quinto estágio está a auto realização. Aqui estão as mais sofisticadas, como: Educação, lazer, crescimento pessoal e transcendência. 

        Maslow apresenta essa pirâmide para nos mostrar que, em se tratando de necessidades, como se organizam as nossas prioridades, e como funcionam nossas motivações. Somos esses seres em eterna busca. A mediada que vamos avançando, os nossos desejos vão nos impulsionando a desejar mais, dai, Maslow conclui: Somos insaciáveis.

COMENTANDO O TEXTO:

Nesse encontro de Jesus com essa mulher, podemos perceber que estamos diante de um ser em busca. O autor, mais uma vez, como é característico deste Evangelho, não economiza em detalhes. Começa com a motivação da viagem de Jesus. O Mestre sai da Judeia, no sul de Israel, e parte em direção a Galileia. Entre uma província e outra, está Samaria. Para facilitar a viagem, diferente do que os Fariseus faziam, Jesus passa propositadamente pela Samaria. Por causa de divergências étnicas, Judeus e Samaritanos se evitavam. Jesus para num poço, e isso se dá por volta do meio dia, um horário pouco provável para alguém carregar água. Mas, mesmo assim uma mulher vem, e vem sozinha. Jesus inicia uma conversa com essa mulher. Homens não falavam com mulher em locais públicos, muito menos um Rabi.

Só esses detalhes são suficientes para mostrar a disposição de Jesus. O Senhor transpõe todas as barreiras postas pela sociedade, e vai em direção à mulher, como vem em nossa direção, nós que somos seres de necessidades, de buscas, de desejos. O que o Mestre busca mesmo é saciar um coração sedento. Podemos utilizar a proposta da Pirâmide de Maslow para perceber, nas declarações desta mulher, necessidades que também temos.  1 - Tenho sede (v.7) (fisiológicas), 2 - Sou Samaritana (v. 9) (Segurança), 3 - Não tenho marido (v. 17) (Sociais), 4 – Tenho dúvidas sobre a minha tradição (v. 20) (Auto Estima) e 5 – Quero transcendência (v. 25) (Auto Realização).

          Não podemos negligenciar as nossas necessidades. Assim como precisamos de pão, de segurança, das pessoas, também precisamos de uma experiência de que nos leve além dessa realidade. A vida é muito mais do que a busca desenfreada em saciar as “nossas sedes”, seja lá quais forem. O Mestre ensina que quem vive apenas para satisfazer todos os seus desejos, por mais legítimos que sejam, se torna escravo da ansiedade.
“Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? "... (e conclui) buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." (Mt. 6.33-34).

Numa frase atribuída ao grande escritor russo, Fiodor Dostoiévski, está dito:

“Existe no homem um vazio do tamanho de Deus.”

       É exatamente isso! Nada que conseguimos possuir é capaz de saciar a fome que temos de transcendência. O que está por detrás de todas as nossas buscas é essa “sede” que temos de Deus, por isso que sofremos constantemente a tentação de transformar as nossas necessidades em ídolos e as nossas buscas em culto. Na pirâmide de Maslow, a busca de Deus está no topo da pirâmide, somente depois de saciar todas as nossas buscas, é que partimos em busca do sagrado. Mas Jesus nos ensina que devemos colocar Deus como fonte primaria de saciedade de todas as nossas buscas. Perceba nas respostas de Jesus lições preciosas:

- "Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (vs.13- 14).

A gente não quer só comida... é isso que Jesus está pontuando. Comer, beber é importante, mas precisamos de mais. É Deus quem sacia os nossos desejos. Não permita que nada ocupe o lugar de Deus em sua vida, por mais necessário que essa lhe seja. A gula nasce quando fazemos da experiência de comer e beber idolátrica, o alimento passa a ser um ídolo.

- E depois, o  Mestre diz a ela: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém. Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois, a salvação vem dos judeus. No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade". (vs. 21-24).

Aqui o mestre novamente toca em nossas tradições. Encontrar-se com Jesus é ser convidado a sair da zona de conforto. Todos nós temos a necessidade de pertencimento. Pertencemos as nossas famílias, ao nosso grupo étnico, as nossas tradições religiosas. Jesus nos convida a colocar tudo isso em segundo plano. Deus produz em nossos corações a segurança que nenhuma das nossas tradições são capazes de nos dá.

- E no final, revela: “Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".” (V. 26).

Jesus termina nos mostrando o quanto Ele está perto. Mais perto do que a água que mata a nossa sede, mais próximo do que a família que nos dá segurança. Mais disponíveis do que os nossos círculos de relacionamentos, mas real do que qualquer uma das nossas tradições, Ele nos leva a mais real e pura experiência de transcendência. Ele é o Cristo do Deus que sacia a nossa sede, que preenche o nosso coração incompleto, Ele é Jesus, o Cristo que supre as nossas necessidades.                                                               
                                                                                                                        



Lázaro Sodré
(Pastor da Igreja Batista Alvorada, Aju - SE) 


Esse texto faz parte de uma série de pastorais dominicais, baseadas no 
Evangelho de João, intituladas "Eu sou Jesus, o Cristo" - Texto n° 7 

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