quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A GRAÇA NOS VISITOU NO NATAL



 “E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com grande voz, e disse:

Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.”

(Lucas 1:39-45‬‬)‬‬

O evento mais extraordinário da história, sem dúvidas, foi o nascimento de Jesus de Nazaré. A promessa do Cristo, aguardado por Israel, foi cumprida em Belém da Judeia, numa manjedoura, a partir do ventre de uma jovem chamada Maria. 

O mais surpreendente é que ali, não apenas o Messias prometido veio ao mundo, mas numa revelação recebida por Pedro aprendemos o grande mistério sobre a identidade de Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”, disse Pedro. (Mt. 16.16). 


Jesus de Nazaré não é apenas o Messias, o Ungido, o Cristo e sim, o Filho do Deus vivo. Esse é o grande mistério do Natal. O fruto do ventre de Maria é o Senhor soberano de toda a terra, uma das pessoas da Trindade Santa que encarna como homem, a partir do ventre de uma mulher.

Por isso, em meio ao mistério e a beleza da encarnação, expressões de louvor a Deus são registradas nos eventos da Anunciação. Lucas registra quatro cânticos com expressões de louvor e adoração ao Eterno, diante do cumprimento da maravilhosa promessa do Natal.

O primeiro é esse transcrito acima, o cântico da beatitude de Izabel, seguido do Magnificat de Maria (1.47), depois o cântico de Zacarias, o benedictus (1.68) e por fim um coral de Anjos cantam o In excelsis Deo (2.14). As canções sempre estiveram presentes nos cultos de louvor a Deus.

Diante dos grandes feitos do Senhor, homens e mulheres ao longo dos séculos quebrantam seus corações diante da graça abundante do Senhor.  Os cristãos também passaram a celebrar o nascimento do Senhor cantando a glória de Deus.

Analisando essa cena da visita de Maria a Izabel, podemos perceber a ação graciosa de Deus em detalhes importantes. Primeiro, o inicio do cumprimento de uma profecia. Note que ao ouvir a voz de Maria, tanto Izabel quanto a criança em seu ventre percebem a presença de Deus, e são tomados pelo Espírito Santo. 

Aqui somos remetidos a duas passagens do Antigo Testamento: A primeira, ao oráculo do profeta Joel que, falando dos dias do Messias, nos disse que Deus derramaria do Seu Espírito sobre toda a carne (Jl. 2.28) e também a expressão do Rei Davi diante da Arca da Aliança: “Como virá a mim a arca do Senhor?”  (2 Sm. 6.9). 

Perceba quanta semelhança entre a expressão de Davi e a de Izabel. Ela, tomada pelo Espírito Santo diz: "E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?" A presença de Jesus, mesmo no ventre de Maria, manifesta a graça do Deus Emanuel.

Mas além disso, três outras expressões do Cântico de Izabel nos ensinam como a graça de Deus se tornou acessível no Natal:

Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre.

Maria se tornou a bendita mãe do filho de Deus, por se submeter à Sua vontade. O Senhor, pela Sua Graça, fez de Maria uma mulher bendita, ou, como ela mesma disse, uma bem-aventurada. Não por ela, não por seus méritos, mas porque ela confiou nos cuidados dAquele que detêm todo o poder. 

Quando recebeu o anúncio do Anjo, mesmo sem entender, com medo e assustada, Maria deu a única resposta possível para os que confiam no Senhor: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” (Lc. 1.38). Os benditos são, sempre, os que continuam crendo.

“E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?”

Jesus é o Senhor! Essa compreensão foi obtida pelos discípulos depois da ressurreição de Jesus. O título de Senhor foi dado a Jesus depois de ter vencido a morte. Entretanto, Izabel compreendeu isso mesmo antes de Jesus nascer.

Reconhecer que Ele é o Senhor, é compreender que Ele detém todas as coisas, inclusive as nossas vidas. Depois de ressurreto, em suas últimas palavras aos seus discípulos, Jesus afirma: “Toda autoridade me foi dada nos céus e na terra”. (Mt. 28.18).

Jesus é a manifestação do poder Gracioso de Deus que, mesmo sendo o Senhor de todo o universo, que mantém e sustenta todas as coisas, Ele se importa com cada um de nós e nos visita. 

"Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre."

Os corações que recebem a Jesus se enchem de alegria. A alegria passa a ser uma companheira dos que creem. Os que têm essa alegria não são ingênuos para imaginar que não passarão por dificuldades ou não serão desafiados com as lutas da vida, mas confiam na presença daquele que é maior do que qualquer circunstância que a vida possa apresentar.

 É isso que significa ser “Bem-Aventurado”. Os Bem-Aventurados podem até chorar, mas serão consolados. 

   Muito mais do que uma festa, muito além do que um calendário litúrgico, muito mais profundo do que cerimonias, trocas de presentes e decorações, o Natal é a visitação do Deus cheio de Graça que se faz presente em Jesus de Nazaré. Perceber a presença de Jesus é ter acesso a maravilhosa Graça do Deus Eterno e bondoso, salvador de todos os que creem.


Pr Lázaro Sodré

Pastor da Igreja Batista Alvorada, em Aracaju-Se.

 (Essa pastoral faz parte dos textos
 compartilhados dominicalmente 
na comunidade, por meio do 
boletim impresso).

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