sexta-feira, 13 de setembro de 2019

UNIDADE NA DIVERSIDADE

"Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, Judéia e Capadócia, Ponto e da província da Ásia, Frígia e Panfília, Egito e das partes da Líbia próximas a Cirene; visitantes vindos de Roma, tanto judeus como convertidos ao judaísmo; cretenses e árabes. 
Nós os ouvimos declarar as maravilhas de Deus em nossa própria língua! " 
(Atos 2:9-11) 
 
Unidade na diversidade.  
Essa frase define bem a Igreja de Jesus. Uma comunidade de pessoas marcadas pelas diferenças, mas que, intencionalmente, resolvem caminhar juntas. Jesus não nos chamou para sermos iguais, Ele respeita as nossas particularidades, nossas diferenças, nossas escolhas. 
Não precisamos ser iguais para sermos "um". 
A unidade da Igreja não é evidenciada pela sincronia dos movimentos, preferências e aparências dos seus membros, e sim, pela direção que caminham. Em uma das exortações que Deus fez a Israel por meio do profeta Amós, Ele questiona: “Duas pessoas andarão juntas se não estiverem de acordo? ” (3:3‬).  

Por sermos seguidores de Jesus, nos dispomos a superar as nossas diferenças para andarmos juntos. A direção e a forma de caminhar são estabelecidas pelo Mestre e nós obedecemos, Ele é a referênciaDeixamos de olhar para nós mesmos e olhamos para o Cristo. Enquanto os nossos olhos não saírem de nós mesmos, seremos incapazes de experimentarmos a unidade proposta por Jesus.  

Alguém já disse que os cristãos "abandonaram o reino do Eu para abraçarem o Reino de Deus", pois, no Reino de Deus, nada é conjugado na primeira pessoa do singular, mas sempre na primeira do plural. E na caminhada do dia a dia, inevitavelmente, as nossas diferenças serão um grande obstáculo a ser superado. O caminho não é esconde-las ou mudá-las, mas aprender a viver com todas as nossas características, pois são nelas que se escondem a nossa identidade. Quem somos é o conjunto de pequenos detalhes que compõe esse "mosaico" da nossa existência, exatamente igual à Igreja de Jesus.

O derramamento do Espírito Santo na festa do Pentecostes (At. 2) foi o início de uma nova era na humanidade. Desde a tentativa da construção da Torre de Babel (Gn 11), as diferenças entre as pessoas seria o maior impedimento à comunhão. O próximo passou a ser o estranho, o inimigo o opositor. Há um detalhe muito importante nessa narrativa de Gênesis 11. Como é sabido, os onze primeiros capítulos do livro do Gênesis não são narrativas históricas literais, mas contos que se propõe explicar, do ponto de vista teológico, a origem de todas as coisas. Não é à toa que muitos chamam o primeiro livro da Bíblia de “O livro dos Inícios”.  

O texto diz que quando Deus resolve desarticular o projeto dos homens de construir a torre, Ele disse: “Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros" (v.7). Aqui há o ponto chave. Quando perdemos a capacidade de dialogar, quando deixamos de ouvir e ser ouvidos, as diferenças que deveriam ser a mais bela as características de um povo, passa a ser o principal fator de rupturas. Na escuta há empatia, há ponto de contato, há comunhão. No Reino de Deus, ouvimos a voz de Jesus e as vozes dos irmãos.  

O maior poder que os seguidores de Jesus receberam em Pentecostes foi a capacidade de ser um só povo. Ali, os preconceitos, as discriminações, os julgamentos caíram por terra. 

Se manifestou o poder da unidade, da aceitação, do acolhimento. 

Ninguém é mais estranho, todos somos irmãos queridos e benditos e Deus, que é um só Deus e Pai de todos, é sobre todos, por meio de todos e em todos. (Ef. 4.6). 


Lázaro Sodré 
(Pastor da Igreja Batista Alvorada, Aju - SE) 

Esse texto faz parte das pastorais dominicais.

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