terça-feira, 3 de setembro de 2019

DEUS, SEU AMOR E O SOFRIMENTO

DEUS, SEU AMOR E O SOFRIMENTO
“No mundo tereis aflições...” 

Fomos avisados, a vida não é fácil.
Não é possível passar por ela sem aflições, sofrimentos e lutas, pois viver é também sofrer. Essas coisas podem nos ocorrer de várias formas e em vários momentos das nossas vidas. Enfermidades, crises de relacionamentos, dificuldades financeiras, frustrações, decepções, traições, a lista é sem fim dos males que podem nos atingir.

Porém, na maioria das vezes, a maior aflição que um sofrimento pode causar não está somente naquilo que nos faz sofrer em si, e sim na falta de sentido para o sofrimento. Queremos entender o sofrimento. A pergunta que sempre perturbou a mente de muitas pessoas ao longo dos séculos e sempre vem quando passamos pelas lutas da vida é: “Por que sofremos? ” Qual o sentido do sofrimento? E para nós, que somos cristãos, talvez essa pergunta seja ainda mais inquietante por que está acompanhada da convicção que temos de que Deus é amor. E como entender o amor de Deus em meio aos sofrimentos da vida?

Creio que existem algumas questões que nos ajudam a entender um pouco o sofrimento.

I. Sofremos porque vivemos num mundo distante de Deus.
Nem tudo o que acontece no mundo é da vontade de Deus. Existem muitas coisas que Deus não gostaria que acontecesse, mas, infelizmente, são frutos do livre arbítrio humano. A maior parte do mal que há no mundo é resultado do pecado humano. No Salmo 115, versículo 16 está escrito:
“Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a aos filhos dos homens”.

O Senhor criou o mundo natural, mas a cultura foi criada por nós. Quando o apóstolo Paulo nos adverte, em Romanos capítulo 12, que não devemos nos conformar com esse mundo, ele está falando justamente dessa cultura, desse sistema que gera opressão, morte, violência e maldades sem fim. O mundo é mal porque os homens construíram um mundo mal.

II. Sofremos como consequência das nossas escolhas.
“Não se deixe enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá. ” (Gl. 6.7). O mundo em que vivemos é consequente. O que plantamos, inevitavelmente, colheremos. Mais cedo ou mais tarde, o fruto do nosso trabalho nos dará uma paga. Se plantamos coisas boas, provavelmente colheremos coisas boas, mas o contrário também é verdade. “De que se queixa o homem? Queixa-se cada um dos seus próprios pecados”. Alertou o autor do livro das Lamentações (Lm 3.39).

Há o sofrimento que nós mesmos causamos. As vezes somos nós que criamos o problema de relacionamento, quando somos egoístas, orgulhosos, violentos. As vezes somos nós que criamos a dificuldade financeira, quando somos irresponsáveis, descontrolados, inconsequentes. As enfermidades as vezes vêm por causa da vida descuidada, dos maus hábitos, da negligência. Ou seja, existe sim, um sofrimento causado por nós mesmos. Fazemos escolhas erradas, falamos coisas que não deveríamos, nos comprometemos e fazemos alianças que não agradam a Deus e tudo isso nos traz consequências ruins. Pagamos o preço!

III. Sofremos pela aleatoriedade da vida.
Porém, é importante saber também que algumas vezes não existem causas para o sofrimento. São questões que, simplesmente, não há explicações. O autor de Eclesiastes já havia dito: 
“Percebi outra coisa debaixo do sol: Os velozes nem sempre vencem a corrida; os fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos. ”  (Ecl. 9.11).
Existem situações em que não há pecado algum, não teve escolhas erradas, não foi mau hábito ou vício e, de forma bem aleatória, o mal nos alcança. Nesses momentos tentar entender ou justificar a adversidade só faz prolongar a dor e o sofrimento. 

 “Tenho vos dito isto, para que em mim tenhais paz...”

Quando Jesus nos advertiu sobre as aflições da vida, Ele também nos falou sobre a sua paz: “Tenho vos dito isto, para que em mim tenhais paz...”, mas, o que Jesus nos diz para que, mesmo em meio as atribulações da vida, pudéssemos ter paz? Esse trecho da Palavra de Deus vai do versículo 17 até o versículo 33, do capítulo 16 do Evangelho de João. Jesus nos adverte sobre as aflições do mundo no ultimo versículo. Contudo antes ele nos fala da sua missão, daquilo que Ele veio fazer aqui e conquistar, e nos fala também da transitoriedade das nossas vidas.

Aqui somos peregrinos!

Não podemos esquecer que a nossa vida aqui é passageira e breve, muito breve. O amor de Deus não pode ser limitado às circunstancias desse tempo em que passaremos aqui. Aqui venceremos algumas vezes e perderemos outras, aqui teremos momentos de alegria e de tristeza também. Mas, não sãos essas coisas que evidenciam o amor de Deus por nós.

Ele nos ama e a prova mais clara desse amor é a cruz do calvário. Foi ali que Jesus venceu o mundo. Foi ali que a morte, a dor, o sofrimento e o maligno tiveram os seus dias contados. Haverá um tempo em que não haverá morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. (Apc. 21.4). Nesse tempo, Deus enxugará dos nossos olhos toda a lágrima. Nesse tempo, o sofrimento será vencido pelo nosso Senhor e por todos os que Nele confiam. 

Enquanto isso vamos construíndo relacionamentos saudáveis, ambientes de acolhimento e compreensão. Precisamos abolir os julgamentos e hábitos tóxicos. Como os dias maus alcançam a todos, se prepara quem semeia bondade, generosidade e fraternidade. Esse é o melhor depósito para enfrentarmos as lutas da vida com graça, amor e a benção do Deus Eterno.


Lázaro Sodré 
(Pastor da Igreja Batista Alvorada, Aju - SE) 
Esse texto faz parte das pastorais dominicais, que saem no boletim informativo da Igreja



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