“Não julgueis, para que não
sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a
medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós...”
As vezes nos comportamos como juízes implacáveis. Apesar
da proibição do mestre, temos bastante facilidade em apontar erros, vícios e
problemas nos outros. Parece que os nossos olhos têm mais sensibilidade para
perceber os desajustes impressos na vida dos nossos irmãos e irmãs. Muitos fazem
isso porque confundem discernimento com julgamento. Discernimento é quando conseguimos
perceber as características das pessoas ao nosso redor, suas qualidades,
virtudes ou desvios de caráter e, depois disso, definimos se é interessante ou
não nos aproximar para desenvolver um relacionamento. Sem dúvidas, precisamos
discernir as pessoas. Porém julgar é além disso. O julgamento acontece quando
utilizamos dessas informações para dar um veredito, uma palavra final sobre alguém,
ou pior, para nos colocar numa situação de superioridade, à semelhança do fariseu
na parábola de Lucas 18.11 “Ó Deus,
graças te dou porque não sou como os demais homens...”.
Existem, ao menos, três problemas sérios quando
julgamos aos outros.
- O primeiro é quando achamos que as pessoas não podem mudar,
ou que a vida de alguém se resume a um ato, uma palavra ou uma ideia. Algo
pontual que, muitas vezes, rotula alguém para sempre. Quantas vezes ouvimos
expressões do tipo: Ele é muito grosso; ela é uma mãe muito irresponsável;
aquele outro não tem jeito. Coisas como essas que, por mais que pareçam verdades,
podem ser fruto apenas de um dia de estresse, um momento de cansaço, uma crise
familiar que o nosso próximo está passando e a gente desconhece. Como não temos
condições de considerar todas as coisas
que envolvem a vida do outro e nem limitar o poder de transformação das pessoas,
o conselho é: Não julgue.
- Segundo, o julgamento também nasce da padronização do
comportamento. Não somos iguais, precisamos lembrar disso. Temos preferências
estéticas, comportamentos e expectativas diferentes. Gostamos de coisas
distintas e reagimos aos estímulos de forma diversificada. Um pode ser mais
introvertido, o outro extrovertido. Um gosta da tranquilidade de momentos
intimistas, o outro gosta de agito e multidão. A Igreja é a comunidade dos
diferentes que buscam algo em comum. Não podemos padronizar as pessoas e mais
ainda, não podemos nos colocar como o padrão a ser seguido. A auto referência
foi uma das grandes tentações de Adão e Eva. Deus é Senhor sobre todos e na
mesa do Jesus de Nazaré há espaço para todos.
- E por fim, e em terceiro lugar, o hábito de julgar aos
outros cria um ambiente adoecedor. Jesus justifica a proibição ao julgamento,
dizendo: “Porque com o juízo com que
julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de
medir a vós”. Um dos piores lugares para se conviver é onde as pessoas
vivem apontando os erros uns dos outros. Por que é fato: Quem julga aos outros,
será julgado por alguém. Aquele que vive cobrando, será cobrado. Os que são
implacáveis, sem misericórdia e rudes, contribuirão para construir um ambiente
tão hostil que, mais cedo ou mais tarde, receberão exatamente a mesma coisa, da
mesma forma.
A Igreja é a comunidade da graça. Nela todos são bem-vindos
com a liberdade de serem quem são diante de Deus e aceitos por todos. As
mudanças que todos precisam passar é fruto do agir do Senhor nas consciências e
corações. Na Igreja, Jesus é o padrão a ser seguido e todos os seus membros,
cada um com as suas dificuldades, se esforçam a cada dia para descansar na
graça e nas misericórdias daquele que nos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz. Sendo assim, o julgamento não pode fazer parte da vida dos
discípulos e das discípulas do Jesus de Nazaré. Quem foi alcançado pela graça
do Pai cultiva um coração gracioso, acolhedor e encorajador.
Lázaro Sodré
(Pastor da Igreja Batista Alvorada, Aju - SE)
Esse texto faz parte das pastorais dominicais, que saem no boletim informativo da Igreja
(Pastor da Igreja Batista Alvorada, Aju - SE)
Esse texto faz parte das pastorais dominicais, que saem no boletim informativo da Igreja