sexta-feira, 30 de agosto de 2019

NÃO JULGUEIS


“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós...”
 (Mateus 7:1,2)

As vezes nos comportamos como juízes implacáveis. Apesar da proibição do mestre, temos bastante facilidade em apontar erros, vícios e problemas nos outros. Parece que os nossos olhos têm mais sensibilidade para perceber os desajustes impressos na vida dos nossos irmãos e irmãs. Muitos fazem isso porque confundem discernimento com julgamento. Discernimento é quando conseguimos perceber as características das pessoas ao nosso redor, suas qualidades, virtudes ou desvios de caráter e, depois disso, definimos se é interessante ou não nos aproximar para desenvolver um relacionamento. Sem dúvidas, precisamos discernir as pessoas. Porém julgar é além disso. O julgamento acontece quando utilizamos dessas informações para dar um veredito, uma palavra final sobre alguém, ou pior, para nos colocar numa situação de superioridade, à semelhança do fariseu na parábola de Lucas 18.11 “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens...”.
Existem, ao menos, três problemas sérios quando julgamos aos outros.

- O primeiro é quando achamos que as pessoas não podem mudar, ou que a vida de alguém se resume a um ato, uma palavra ou uma ideia. Algo pontual que, muitas vezes, rotula alguém para sempre. Quantas vezes ouvimos expressões do tipo: Ele é muito grosso; ela é uma mãe muito irresponsável; aquele outro não tem jeito. Coisas como essas que, por mais que pareçam verdades, podem ser fruto apenas de um dia de estresse, um momento de cansaço, uma crise familiar que o nosso próximo está passando e a gente desconhece. Como não temos condições  de considerar todas as coisas que envolvem a vida do outro e nem limitar o poder de transformação das pessoas, o conselho é: Não julgue.

- Segundo, o julgamento também nasce da padronização do comportamento. Não somos iguais, precisamos lembrar disso. Temos preferências estéticas, comportamentos e expectativas diferentes. Gostamos de coisas distintas e reagimos aos estímulos de forma diversificada. Um pode ser mais introvertido, o outro extrovertido. Um gosta da tranquilidade de momentos intimistas, o outro gosta de agito e multidão. A Igreja é a comunidade dos diferentes que buscam algo em comum. Não podemos padronizar as pessoas e mais ainda, não podemos nos colocar como o padrão a ser seguido. A auto referência foi uma das grandes tentações de Adão e Eva. Deus é Senhor sobre todos e na mesa do Jesus de Nazaré há espaço para todos.

- E por fim, e em terceiro lugar, o hábito de julgar aos outros cria um ambiente adoecedor. Jesus justifica a proibição ao julgamento, dizendo: “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós”. Um dos piores lugares para se conviver é onde as pessoas vivem apontando os erros uns dos outros. Por que é fato: Quem julga aos outros, será julgado por alguém. Aquele que vive cobrando, será cobrado. Os que são implacáveis, sem misericórdia e rudes, contribuirão para construir um ambiente tão hostil que, mais cedo ou mais tarde, receberão exatamente a mesma coisa, da mesma forma.

A Igreja é a comunidade da graça. Nela todos são bem-vindos com a liberdade de serem quem são diante de Deus e aceitos por todos. As mudanças que todos precisam passar é fruto do agir do Senhor nas consciências e corações. Na Igreja, Jesus é o padrão a ser seguido e todos os seus membros, cada um com as suas dificuldades, se esforçam a cada dia para descansar na graça e nas misericórdias daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Sendo assim, o julgamento não pode fazer parte da vida dos discípulos e das discípulas do Jesus de Nazaré. Quem foi alcançado pela graça do Pai cultiva um coração gracioso, acolhedor e encorajador.  

Lázaro Sodré
(Pastor da Igreja Batista Alvorada, Aju - SE) 
Esse texto faz parte das pastorais dominicais, que saem no boletim informativo da Igreja